O que é Desenvolvimento Cognitivo?

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Discorrer sobre um assunto tão mencionado na área de Neuropsicologia e Desenvolvimento Infantil não é algo tão simples quanto parece. Para nós pesquisadores, novas descobertas estão apressadamente surgindo e forçando-nos a atualizar nossos conhecimentos acerca de questões tão importantes para a compreensão do cérebro humano. Por essa razão, tentarei ser breve e farei grande esforço para deixar o texto claro e sem muitas dúvidas ao leitor.

Falar sobre desenvolvimento cognitivo implica antes de tudo, falar sobre cognição. A definição de cognição até hoje não é tão clara quanto deveria, afinal, “qualquer coisa” que esteja relacionada ao cérebro é chamado de cognição.  No entanto, é importante dar nome aos bois antes de falarmos deles.

Uma definição breve e objetiva do termo é:

“Cognição refere-se a um conjunto de habilidades cerebrais/mentais necessárias para a obtenção de conhecimento sobre o mundo. Tais habilidades envolvem pensamento, raciocínio, abstração, linguagem, memória, atenção, criatividade, capacidade de resolução de problemas, entre outras funções.”

O conceito de cognição, portanto, nos remete aos processos cognitivos que são desenvolvidos desde a mais tenra infância até os findos anos do envelhecimento. Importante notar que o desenvolvimento está diretamente relacionado à aprendizagem, ou seja, um não ocorre sem o outro. Este processo acontece em espiral crescente nos dando a noção de avanços no desenvolvimento em contínuo crescimento:

 [DESENVOLVIMENTO –> ADAPTAÇÃO –> APRENDIZAGEM]

Agora sim, podemos falar de desenvolvimento cognitivo que pode ser entendido como:

“Um processo pelo qual os indivíduos adquirem conhecimento sobre o mundo ao longo da vida”.

Adquirir conhecimento sobre o mundo ao longo da vida equivale a dizer que estamos sujeitos a adaptação ao meio praticamente o tempo todo. Assim, não é errado dizer que em condições normais, estamos nos desenvolvendo cognitivamente todos os dias enquanto vivermos.

Entrando em terrenos mais remotos, Jean Piaget foi um dos primeiros estudiosos preocupado em estudar as fases do desenvolvimento cognitivo infantil. Seu interesse estava voltado para a investigação de quais habilidades estavam vinculadas em cada estágio do desenvolvimento. Para determinar essas fases, seus estudos duraram décadas e seus sujeitos de pesquisa foram seus próprios filhos.

Em suma, o interesse de Piaget estava voltado para o estudo de como os organismos se adaptam ao meio, sendo esta adaptação dependente de um “cérebro maduro”. Ou seja, era preciso que o cérebro estivesse pronto, desenvolvido o suficiente para responder às demandas do meio de forma inteligente.

Embora Piaget tenha sido reconhecido pelo seu trabalho, foi também muito criticado por interpretações mal elaboradas de sua teoria. Atualmente temos concepções teóricas mais recentes que complementaram suas ideias e outras que tomaram uma posição mais contrária. Inclusive, uma delas compreende que o desenvolvimento cognitivo não ocorre em fases progressivas, como se B só pudesse ser desenvolvido se A já o estivesse antes.

Essa abordagem mais recente, que pode ser denominada de “Revolução Biológica” considera que, nós humanos nascemos com mais capacidades inatas do que se acreditava no início. Um exemplo que pode ilustrar essa ideia é a do famoso músico Mozart, que aos 4 anos de idade, já era capaz de dominar em 30 minutos sua primeira composição musical. É claro que Mozart foi uma criança-prodígio que aprendia a uma velocidade galopante as composições musicais. No entanto, não podemos desconsiderar essas novas concepções, que hoje têm se dedicado ao estudo da percepção e das habilidades motoras em bebês na tentativa de compreender o funcionamento da mente.

Bem, sem tomar qualquer postura defensiva de um lado ou de outro, o intuito deste post foi o de torná-lo um terreno fértil para uma pergunta fundamental (pelo menos para mim): qual seria a principal questão a ser respondida pelo estudo do desenvolvimento cognitivo?

Arriscaria dizer que os especialistas da área de desenvolvimento cognitivo infantil estão principalmente preocupados com a forma em como os processos relacionados a cognição vão se estruturando em etapas específicas do desenvolvimento. Entretanto, falar sobre cada uma delas dará muito pano para manga. Dou-me por satisfeita e resigno-me à sugestões, ideias, contribuições ou mesmo discussões!

Até mais.

100 pensamentos sobre “O que é Desenvolvimento Cognitivo?

  1. Estou para desenvolver o artigo para conclusão do cuso, o tema é comportamento humano, vir maita coisa sobre, desenvolvimento cognitivo

  2. Ola
    bom dia luciana !
    vc teria uma indicação de livro que fale sobre fatores que afetam o desenvolvimento cognitivo infantil ?
    Grata
    sara

  3. o sentimento ou aprendizado cognitivo se aplica aqui em perguntas no interesse próprio que ao mesmo tempo foi socializado ao longo do tempo até que se chegou a esta espiral que parece voltar a gente como se fosse um bunmerang mas, ele sempre volta acima de nos e nos remete a mais perguntas como um processo constante.

  4. Ola,
    Sou estudante 4 semestre em Tecnologo em Segurança do Trabalho e, nesse começo da disciplina em Psicologia, assim busco esse espaço para ganhar aprendizado referente ao desenvolvimento congnitivo.
    Abraço,

  5. Sou estudante do 1º periodo de pedagogia,adorei essa pagina de pesquisa,pois me esclareceu certas duvidas que me estavam pendente referente ao desenvolvimento cognitivo.
    Abraços!

  6. O texto esclareceu as minhas dúvidas sobre desenvolvimento cognitivo em estudo nessa área na educação especial.

  7. Gostei da publicação.
    É interessante, está a ajudar-me no trabalho de psicologia, que é para entregar na próxima semana. Grato pelo artigo.

  8. Gostei da matéria. É o assunto que estou trabalhando para a conclusão de curso. Contarei com seus prestimos. Valeu

  9. Pingback: Alvinho na escolinha. | Portal do Alvinho

  10. Excelente matéria. O que se deve refletir é que a criança surpreende cada vez mais em seus estágios de desenvolvimento cognitivo, acredito que o meio e as intervenções são decisivas nesse processo. Existirá sempre alguém redescobrindo ou seja dando sua contribuição para um novo entendimento e possibilidade. Ciente que um pensamento não elimina o outro e sim nos oferece ferramentas para analise, dentro da nossa realidade,
    Parabéns.

  11. Ola, tudo bem?
    Estou escrevendo um artigo para uma cadeira do meu mestrado e gostei muito do teu texto e gostaria de citá-lo em meu trabalho. Para tal, gostaria de saber se aquela definição de cognição que tu escrevesses é tua mesmo ou se é de algum autor que possas me indicar.
    Tens como me enviar um e-mail: cristianefotos@hotmail.com.

    Parabéns pelo teu trabalho e um abraço.
    Cristiane

  12. O assunto é interessante, porém não tem nenhuma referência bibliográfico ficando algo meio que vazio. Seria interessante que colocasse sempre as fontes, referências das citações.

  13. Meu mundo é o resulto de minhas, “vontade e representação”. dizia Arthur Schopenhauer. Schopenhauer segue Sócrates para quem há dois universos: o sensível e o Inteligível. O espirito (inteligência incorpórea) precisa da mente para se manifestar no mundo material. A mente coordena a razão e a vontade. Razão e vontade configuram pensamentos que se materializam por meio de representações por estímulos. Os estímulos são o processamento quântico da matéria sensível. Essa matéria reflete a atividade da criação ou tempestade sináptica. Cognição é apreender. Tudo são processos de aprendizagem para intervenção, atuação e desenvolvimento no mundo. A cognição é o reflexo natural que está em tudo na base do humano.

  14. Boa tarde.

    Gostaria de sua opinião sobre o curso de memorização do professor Renato Alves.

    Procuro uma melhoria em meus estudos e já tive contato com vários materiais dos quais não fiquei por satisfeito.

    Muito obrigado.

    • Boa noite! Não sei os métodos desse curso, mas pelo que pesquisei parece que são ensinadas várias estratégias de estudo e de memorização. Penso que uma forma de saber se o curso vai atender às suas necessidades é procurar saber quem já fez e ver se foi eficaz. Depende muito do objetivo de cada um. Se seu objetivo é conseguir memorizar melhor conteúdo, parece bom. Mas você não vai ficar “mais inteligente” por exemplo. O conceito de inteligência é um tanto quanto complexo e isso depende de várias circunstâncias (leitura/conteúdo, raciocínio, elaboração de estratégias, generalização de estratégias, etc…). Não que seja isso que o curso promete, mas você precisa ver qual é a sua necessidade e ver se ela se encaixa no que o curso oferece. Abs!

  15. Oi Luciane, bom dia!
    Não tenho nenhum contato direto com a psicologia, sou técnico em eletrotécnica.
    Entrei no seu blog casualmente, buscando pela definição de cognição, que para o meu caso cognição artificial, porém, lendo a definição percebi que, fazendo uma retrospectiva, durante minha vida deparei-me com situações em que exigiam habilidades como o descrito na “definição.
    Um exemplo disso foi quando me candidatei a uma vaga de emprego em uma empresa multinacional. Na mesma área haviam três vagas, para atender três níveis diferentes, inclusive de salário. Na minha lógica, e com base na minha experiência profissional escolhi a vaga de maior nível, foi então que tudo começou.
    A funcionária do Rh se opôs a minha candidatura alegando que o teste era muito difícil e que eu não iria passar. Eu insistente, perguntei a ela que, se eu não passasse não poderia, então,
    fazer outro teste para a vaga de nível inferior.
    Ela concordou e me passou o teste teórico, no qual fui aprovado com 100% de acerto. Dai, encaminhou-me ao teste prático, também aprovado com 100% de acerto. Encaminhou-me novamente para outro teste prático em outro departamento, na mesma área, cuja vaga existia, porém ainda não havia sido aberta. Nesse, eu deveria utilizar um instrumento de extrema precisão (dimensional) que eu não conhecia, inédito pra mim. Não demonstrei, calmamente, analisei-o, descobri seu funcionamento e efetuei o teste, novamente aprovado.
    Depois de seis meses na empresa, surgiu uma seleção interna para dez vagas em outro departamento, a ser efetuado em um sábado das 08;00 às 17;30hs, sendo, das oito às doze; matemática; física e português, das treze às dezessete e trinta psicotécnico. Haviam aproximadamente seiscentos candidatos, novamente aprovado. Neste setor desenvolvi um equipamento totalmente inédito, diferente de tudo que havia, para solucionar um problema antigo.
    Você acha que pode ter relação com com o assunto?

    Abraços,

    Claudio.

    • Bom dia Claudio. Pelo que você conta parecer que você tem um perfil autodidata (aprende sozinho). Sua capacidade para aprender é diferenciada da maioria das pessoas e por isso não precisa de mediação. Claro que tem a ver com o assunto cognição. Aliás, você escolheu qual vaga?

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